terça-feira, 12 de março de 2024

1ª CORÍNTIOS 1.4-9: A Riqueza da Graça de Deus em Cristo Jesus

1ª CORÍNTIOS 1.4-9: A Riqueza da Graça de Deus em Cristo Jesus 

Pr. João França.

Introdução:

  • Paulo inicia sua carta aos Coríntios com uma ação de graças a Deus pela graça concedida à comunidade.
  • A gratidão de Paulo serve como base para a exortação que ele fará posteriormente na carta.
  • O texto nos convida a refletir sobre as riquezas da graça de Deus em Cristo Jesus.

1. A Graça que Enriquece (vv. 4-5)

  • Paulo agradece a Deus pela graça concedida aos Coríntios em Cristo Jesus.
  • Essa graça os enriqueceu em toda a palavra e em todo o conhecimento.
  • Os Coríntios foram abençoados com a capacidade de compreender e comunicar a Palavra de Deus.
  • Essa riqueza espiritual os capacitava para viver uma vida piedosa e frutífera.

2. O Testemunho Confirmado (v. 6)

  • O testemunho de Cristo foi confirmado entre os Coríntios.
  • Isso significa que a mensagem do Evangelho havia sido pregada e recebida com fé na comunidade.
  • A confirmação do testemunho de Cristo é um sinal da fidelidade de Deus.

3. A Abundância de Dons (v. 7)

  • Os Coríntios não tinham falta de nenhum dom espiritual.
  • Deus havia derramado sobre eles uma variedade de dons para o serviço da Igreja.
  • Os dons espirituais são ferramentas que Deus nos dá para edificar o corpo de Cristo.

4. A Esperança da Revelação (v. 7)

  • Os Coríntios aguardavam a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo.
  • Essa esperança os motivava a viver uma vida santa e dedicada a Deus.
  • A revelação de Cristo será um momento de grande alegria e glória para o povo de Deus.

5. A Confirmação Final (v. 8)

  • Deus é fiel e confirmará os Coríntios até ao fim.
  • Isso significa que Deus os guardará e os ajudará a perseverar na fé até o dia final.
  • A fidelidade de Deus é uma fonte de grande segurança para os cristãos.

6. O Chamado à Comunhão (v. 9)

  • Os Coríntios foram chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
  • Essa comunhão é um privilégio e uma grande responsabilidade.
  • Na comunhão com Cristo, somos chamados a viver uma vida de amor, serviço e obediência.

Conclusão:

  • O texto de 1 Coríntios 1.4-9 nos convida a celebrar a riqueza da graça de Deus em Cristo Jesus.
  • Somos gratos pela Palavra de Deus, pelo testemunho de Cristo, pelos dons espirituais, pela esperança da revelação e pela fidelidade de Deus.
  • Em resposta à graça de Deus, somos chamados a viver uma vida de comunhão com Cristo e com o seu povo.

Aplicação:

  • Como podemos responder à graça de Deus em Cristo Jesus?
  • Como podemos usar os dons espirituais que Deus nos deu para servir à Igreja?
  • Como podemos viver uma vida de esperança e fidelidade a Deus?

terça-feira, 5 de março de 2024

A Soberania de Deus diante do orgulho humano

 

Tema: A Soberania de Deus diante do orgulho humano.

Texto: Daniel 5.13-31

Introdução:

Contexto histórico: Belsazar, rei da Babilônia, desafia o Deus de Israel:

a.   Belsazar, neto de Nabucodonosor, era rei da Babilônia em 539 a.C.

b.   O império babilônico estava em declínio, mas Belsazar vivia uma vida de luxo e ostentação.

c.   O rei era conhecido por sua arrogância e desdém pelas outras nações e religiões.

A festa profana e a blasfêmia.

  1. Belsazar organiza uma grande festa para seus mil nobres e esposas.
  2. Durante a festa, ele utiliza os utensílios sagrados do Templo de Jerusalém, profanando-os.
  3. Em um ato de blasfêmia, Belsazar e seus convidados bebem vinho nos vasos sagrados e louvam seus próprios deuses.

A mão misteriosa escreve na parede.

  1. No meio da festa, uma mão humana sem corpo surge e escreve na parede do palácio.
  2. As palavras são escritas em aramaico, idioma que o rei e seus convidados não compreendem.
  3. O terror toma conta do rei e seus convidados, que se desesperam por uma interpretação.

EXPOSIÇÃO BÍBLICA: obs.  seguiremos ordem conforme está no texto original hebraico.

I. O Terror do Desconhecido (5:13-16)

  • A reação de Belsazar e seus convidados.

"Então o rei Belsazar mudou de cor, e seus pensamentos o perturbaram, e as juntas dos seus lombos se desataram, e os seus joelhos batiam um no outro" (v. 13):

 

O verbo "mudar de cor" (חֲלַף פָּנָיו) [halaf panayv] revela uma mudança física drástica, evidenciando o terror que se apossou do rei.

A expressão "seus pensamentos o perturbaram" (הִתְרוֹפְפוּ מַחְשְׁבֹתָיו) indica uma mente em confusão e desordem.

A frase "as juntas dos seus lombos se desataram" (נִפְרְקוּ שְׁרָרָיו) é uma metáfora poética para a perda de força e controle.

O verbo "bater" (נָגְפוּ) no final do versículo, repetido duas vezes, intensifica a imagem do tremor incontrolável que toma conta de Belsazar.

"E as concubinas e os príncipes se maravilharam" (v. 14):

O verbo "maravilhar-se" (שָּׁמַם) indica espanto e perplexidade diante do evento sobrenatural.

A menção às "concubinas" e "príncipes" demonstra que o terror não se limitava ao rei, mas se estendia a toda a corte.

A busca por sábios e adivinhos.

  • "Então foram chamados os magos, os encantadores, os astrólogos e os caldeus, para lerem a escritura e para fazerem saber ao rei a sua interpretação" (v. 15):
    • O texto enumera quatro grupos distintos de especialistas:
      • Magos: especialistas em magia e artes ocultas.
      • Encantadores: praticantes de encantamentos e adivinhação.
      • Astrólogos: intérpretes de sinais celestes.
      • Caldeus: sacerdotes babilônios com conhecimento em astrologia e adivinhação.
  • "Mas eles não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação" (v. 15):
    • O verbo "ler" (קָרָא) no texto hebraico significa "decifrar" ou "interpretar".
    • A inabilidade dos especialistas em decifrar a mensagem intensifica o mistério e o terror da cena.
  • A inabilidade de decifrar a mensagem.

"Então o rei Belsazar ficou muito turbado, e o seu rosto se mudou nele, e os seus grandes se espantaram" (v. 16):

O verbo "turbar-se" (בְּהֵל) indica uma agitação interior ainda mais profunda que o terror inicial.

A expressão "o seu rosto se mudou nele" (נִשְׁתַּנָה פָּנָיו) reforça a imagem de um rei pálido e abatido.

O verbo "espantar-se" (חַתָּה) no final do versículo demonstra que o medo se espalhou entre os nobres presentes.

II. A Intervenção de Daniel (5:17-24)

a)  Daniel é Chamado à Presença do Rei (v. 17-18)

“Então a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na sala do banquete; e a rainha falou ao rei, dizendo: Senhor meu rei, viva eternamente! Não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu rosto" (v. 17):

A "rainha" não é identificada no texto, mas provavelmente se trata da rainha-mãe, Nitócris.

     i.          A expressão "viva eternamente" (יְחִי אֲדֹנִי הַמֶּלֶךְ לְעֹלָם) é uma fórmula de saudação comum no antigo Oriente.

  ii.          O verbo "perturbar" (בְּהֵל) é o mesmo utilizado para descrever o estado do rei no versículo 16.

iii.          A frase "não se mude o teu rosto" (אַל תִּשְׁתַּנָּה פָּנֶיךָ) é um pedido para que o rei mantenha a calma e a compostura.

"Então Daniel foi introduzido perante o rei. E o rei disse a Daniel: És tu Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei meu pai trouxe de Jerusalém?" (v. 18):

 

     i.          O verbo "introduzir" (הֵבִיא) indica que Daniel não estava presente na festa, mas foi chamado especialmente.

  ii.          A pergunta do rei revela que ele conhece Daniel, mas não o reconhece como profeta.

A Lembrança da História de Nabucodonosor (v. 19-21):

"E Daniel respondeu ao rei, dizendo: O Deus Altíssimo deu a teu pai Nabucodonosor reino, e grandeza, e glória, e majestade" (v. 19):

  1. O verbo "dar" (נָתַן) enfatiza a soberania de Deus sobre os reinos da terra.
  2. A enumeração de "reino, grandeza, glória e majestade" destaca o poder e a autoridade de Nabucodonosor.

"E por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e o temiam; a quem ele queria matava, e a quem ele queria conservava; a quem ele queria engrandecia, e a quem ele queria abatia" (v. 20):

  1. O verbo "tremer" (חָרַד) e "temer" (יָרֵא) expressam o terror que Nabucodonosor inspirava.
  2. O verbo "matar" (הָרַג), "conservar" (חַיָּה), "engrandecer" (גִּדַּל) e "abater" (הִשְׁפִּיל) demonstram o poder absoluto do rei.

"Mas ele, tendo levantado o seu coração e endurecido o seu espírito, se ensoberbeceu, foi deposto do seu trono real, e a sua glória foi tirada dele" (v. 21):

  1. O verbo "levantar o coração" (נָשָׂא לֵבָב) e "endurecer o seu espírito" (חָזַק רוּחַ) indicam a arrogância e o orgulho de Nabucodonosor.
  2. O verbo "depor" (הוּרַד) e "tirar" (נָסַע) demonstram a queda de Nabucodonosor como punição por sua soberba.

A Interpretação da Mensagem: MENE, TEKEL, PERES (v. 22-24):

  • "E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias "...tudo isso. Mas te ensoberbeceste contra o Senhor do céu; e trouxeram diante de ti os vasos da sua casa, e vós, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas, e os teus bebedores de vinho bebestes vinho neles; e louvastes aos deuses de prata, e de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, nem ouvem, nem sabem; e ao Deus que tem em sua mão o teu fôlego, e todos os teus caminhos, não glorificaste" (v. 22):"
    • O verbo "ensoberbecer-se" (גָּבַהּ) reitera a arrogância de Belsazar.
    • A expressão "o Senhor do céu" (אֲדֹנָי הַשָּׁמַיִם) enfatiza a autoridade divina sobre Belsazar.
    • O verbo "glorificar" (כָּבַד) contrasta a idolatria de Belsazar com a adoração que Deus merece.
  • "Então foi enviada por ele a parte da mão que escreveu aquela escritura" (v. 24):
    • O verbo "enviar" (שְׁלַח) atribui a escrita na parede diretamente a Deus.
    • A expressão "parte da mão" (יַד כְּתָבָה) reforça a imagem sobrenatural da mensagem.
  • "E esta é a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEKEL, U-PARSIN" (v. 24):
    • A repetição de "MENE" (מְּנֶה) enfatiza a importância da palavra. O significado exato é incerto, mas pode indicar "contar" ou "concluído".
    • "TEKEL" (תְּקֵל) significa "pesado" e sugere julgamento divino.
    • "U-PARSIN" (וּפַרְסִין) é normalmente traduzido como "PERES", que significa "dividir" ou "quebrar em pedaços".

III. A Queda de Belsazar (5:25-31)

Os versos 25 a 31 de Daniel 5 narram a queda de Belsazar e da Babilônia. A profecia escrita na parede se cumpre com a conquista da cidade pelos medos e persas. Através de uma análise linguística aprofundada do texto hebraico original, podemos desvendar as nuances e os detalhes dessa cena dramática, explorando:

1. O Cumprimento da Profecia: A Conquista da Babilônia (v. 25-28):

  • "Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus" (v. 25):
    • O verbo "morrer" (הוּמַת) no nifal indica que Belsazar foi morto por outros, confirmando a profecia.
    • A expressão "rei dos caldeus" (מֶלֶךְ כַּשְׂדִּים) enfatiza a queda de um poderoso império.
  • "E Dario, o medo, tomou o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos" (v. 26):
    • O verbo "tomar" (לָקַח) indica a conquista militar da Babilônia.
    • A menção à idade de Dario ("sessenta e dois anos") demonstra sua experiência como governante.
  • "E Daniel foi constituído sobre os três presidentes, porque em ele se achava um espírito excelente, e sabedoria, e inteligência, para interpretar sonhos, e resolver enigmas, e desatar nós" (v. 28):
    • O verbo "constituir" (הִפְקִיד) indica a posição de destaque que Daniel assume no novo governo.
    • A expressão "espírito excelente" (רוּחַ טוֹבָה) destaca as qualidades de Daniel que o qualificam para o cargo.
    • A enumeração de suas habilidades ("interpretar sonhos, resolver enigmas, e desatar nós") demonstra sua sabedoria e inteligência.

2. A Morte de Belsazar (v. 25):

  • "Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus" (v. 25):
    • O verbo "morrer" (הוּמַת) no nifal indica que Belsazar foi morto por outros, confirmando a profecia.
    • A frase "naquela mesma noite" (בְּהַהִיא לֵילְיָא) enfatiza a rapidez com que a profecia se cumpre.

3. O Reino Dividido Entre Medos e Persas (v. 29-31):

  • "E Dario, o medo, dividiu o reino em cento e vinte províncias" (v. 29):
    • O verbo "dividir" (חָלַק) indica a fragmentação do império babilônico.
    • O número "cento e vinte províncias" demonstra a magnitude da divisão.
  • "E Daniel foi constituído sobre os três presidentes, porque em ele se achava um espírito excelente, e sabedoria, e inteligência, para interpretar sonhos, e resolver enigmas, e desatar nós" (v. 28):
    • O verbo "constituir" (הִפְקִיד) indica a posição de destaque que Daniel assume no novo governo.
    • A expressão "espírito excelente" (רוּחַ טוֹבָה) destaca as qualidades de Daniel que o qualificam para o cargo.
    • A enumeração de suas habilidades ("interpretar sonhos, resolver enigmas, e desatar nós") demonstra sua sabedoria e inteligência.
    • A Recompensa de Daniel (v. 29):
    • "Então o rei Dario ordenou que vestissem Daniel de púrpura, e que lhe pusessem um colar de ouro ao pescoço, e que o fizessem proclamar como terceiro no reino" (v. 29):
    • O verbo "ordenar" (צִוָּה) indica a autoridade do rei Dario e sua vontade de honrar Daniel.
    • A vestimenta de "púrpura" e o "colar de ouro" eram símbolos de realeza e status elevado.
    • A proclamação de Daniel como "terceiro no reino" demonstra a grande estima que o rei tinha por ele.
    • II. As Qualidades de Daniel (v. 29):
    • "E Daniel prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa" (v. 29):
    • O verbo "prosperar" (שָׁלָה) indica que Daniel teve sucesso e alcançou grande favor em ambos os reinos.
    • A menção a "Ciro, o persa" demonstra que a influência de Daniel se estendeu além do reinado de Dario.
    • III. A Soberania de Deus (v. 30-31):
    • "E Belsazar, rei dos caldeus, foi morto naquela mesma noite" (v. 30):
    • O verbo "morrer" (מֵת) no kal indica a morte definitiva de Belsazar.
    • A frase "naquela mesma noite" (בְּהַהִיא לֵילְיָא) enfatiza a rapidez com que a profecia se cumpre.
    • "E Dario, o medo, recebeu o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos" (v. 31):
    • O verbo "receber" (קַבֵּל) indica que o reino foi dado a Dario por Deus.
    • A menção à idade de Dario ("sessenta e dois anos") demonstra sua experiência como governante.

Conclusão:

A Soberania de Deus e a Queda de Belsazar: Uma Análise Conclusiva de Daniel 5

Introdução:

O capítulo 5 de Daniel narra a queda de Belsazar, rei da Babilônia, e a ascensão de Dario, o medo. Através de uma análise aprofundada do texto, podemos discernir importantes lições sobre a soberania de Deus, o julgamento divino contra o orgulho e a idolatria, e a importância da humildade e da reverência a Deus.

I. A Soberania de Deus sobre as Nações:

  • A profecia escrita na parede, interpretada por Daniel, revela o controle divino sobre os eventos históricos.
  • A queda repentina da Babilônia, um império poderoso, demonstra a fragilidade dos reinos humanos diante do poder de Deus.
  • A ascensão de Dario, um governante pagão, é permitida por Deus como parte de Seu plano soberano.

II. O Julgamento Divino contra o Orgulho e a Idolatria:

  • O comportamento arrogante de Belsazar, profanando os utensílios sagrados do Templo de Jerusalém, é condenado por Deus.
  • A mensagem na parede serve como um aviso divino contra o orgulho e a idolatria, pecados que atraem o julgamento de Deus.
  • A morte de Belsazar e a queda da Babilônia são exemplos do julgamento divino sobre nações que se rebelam contra Deus.

III. A Importância da Humildade e da Reverência a Deus:

  • Daniel, em contraste com Belsazar, demonstra humildade e reverência a Deus.
  • Sua sabedoria e inteligência são reconhecidas e recompensadas por Deus, que o eleva a um posto de grande honra.
  • A história de Daniel nos ensina que a verdadeira grandeza vem de Deus e é alcançada através da humildade e da obediência.

Aplicações Práticas:

Devemos reconhecer a soberania de Deus em todas as áreas de nossas vidas.

É importante cultivar um coração humilde e reverente diante de Deus.

Devemos evitar o orgulho e a idolatria, que são pecados que atraem o julgamento divino.

Podemos buscar sabedoria e inteligência em Deus, que recompensa a fidelidade e a obediência.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

DANIEL 5.1-12: A IMPORTÂNCIA DO ARREPENDIMENTO E DA HUMILDADE DIANTE DE DEUS

 

O texto de Daniel 5.1-12 nos traz uma poderosa mensagem sobre a importância do arrependimento e da humildade diante de Deus. Neste relato, somos apresentados a Belsazar, rei da Babilônia, que organiza um grande banquete para seus nobres, usando os utensílios sagrados do templo de Jerusalém que foram saqueados por seu antecessor, Nabucodonosor. Essa nota de abertura no texto sagrado direciona e responde a questão do juízo divino sobre o rei babilônico

A atitude de Belsazar revela uma completa falta de respeito e temor a Deus, pois ele profana os utensílios santos em um ato de orgulho e arrogância. Ao fazer isso, ele desafia abertamente o Deus de Israel e mostra sua insensatez ao não reconhecer a autoridade divina.

No entanto, a história toma um rumo repentino quando uma mão misteriosa aparece e escreve palavras na parede do palácio, revelando um terrível aviso de juízo contra o rei. Belsazar fica aterrorizado e confuso, e seus nobres são incapazes de decifrar a mensagem.

É então que a rainha entra em cena e lembra a Belsazar da presença de Daniel, um homem sábio e cheio do Espírito de Deus. Daniel é chamado e, diante do rei assustado, ele interpreta a mensagem escrita na parede: "MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM" que significa "Tecel, Pesou e Dividiu". Essas palavras proféticas anunciam que os dias de Belsazar estão contados e que seu reino será dividido e dado a outros. Daniel também lembra o rei da queda de seu antecessor Nabucodonosor, que só se humilhou diante de Deus após passar por um período de humilhação e arrependimento.

O relato de Belsazar nos ensina sobre a importância da reverência a Deus e da humildade diante de Sua soberania. Mostra que a arrogância e a rebelião contra Deus só podem levar à destruição e ao juízo. O exemplo de Belsazar nos lembra da necessidade constante de nos arrependermos de nossos pecados e nos humilharmos diante de Deus, reconhecendo Sua autoridade e buscando Sua misericórdia.

I. O PECADO DE BELSAZAR (DANIEL 5.1-4)

1. Descrição da festa profana de Belsazar:

O texto de Daniel 5.1-4 descreve a festa profana que o rei Belsazar realizou em seu palácio, onde utilizou os utensílios do templo para idolatria. Durante o banquete, o rei e seus convidados beberam vinho em taças de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra. Esse ato revela o desprezo de Belsazar pela santidade de Deus.

2. Significado teológico da profanação dos utensílios do templo:

A ação de Belsazar de profanar os objetos dedicados ao culto a Deus demonstra uma clara rebelião contra o Senhor e Sua santidade. Os utensílios do templo eram destinados exclusivamente para o culto a Deus e não poderiam ser profanados de forma alguma. Ao desrespeitar essa santidade, Belsazar desafiava a autoridade divina e zombava da santidade de Deus, revelando seu orgulho e soberba.

3. Aspectos exegéticos do pecado de Belsazar:

É importante observar os termos hebraicos relevantes nesse contexto, como "kadesh" (santidade) e "kodesh" (santo), para entender a gravidade do pecado de Belsazar. A palavra "kadesh" denota a santidade de Deus e Sua separação do pecado. Ao profanar os utensílios do templo, Belsazar violava essa santidade e desrespeitava a presença de Deus em sua vida e nação.

Versículo 4:

  • וְהַלְלִין לֵאלָהֵי דַהֲבָא וְכַסְפָּא נְחָשָׁא פְרִזְלָא אִעָא וְאָבְנָא:
    • וְהַלְלִין (wəhallîn): "e louvavam"
    • לֵאלָהֵי (lēʼālāhê): "aos deuses"
    • דַהֲבָא (ḏahabā): "de ouro"
    • וְכַסְפָּא (wəḵaspā): "e prata"
    • נְחָשָׁא (nəḥāšā): "de bronze"
    • פְרִזְלָא (pərīzlā): "de ferro"
    • אִעָא (ʼiṣā): "de madeira"
    • וְאָבְנָא (wəʼabnā): "e pedra"
  • O versículo 4 apresenta Belsazar e seus convidados louvando deuses feitos de materiais inertes (ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra).
  • A repetição da preposição ל (le) antes de cada material reforça a idolatria e a ênfase em deuses falsos.

Análise Teológica:

  • O versículo 4 revela a idolatria e a arrogância de Belsazar, que exalta deuses impotentes enquanto ignora o Deus verdadeiro que detém o controle sobre sua vida e reino.
  • A ênfase nos materiais inertes dos deuses falsos contrasta com a soberania do Deus vivo, que possui poder sobre a vida e o destino do rei.

4. Consequências da profanação e rebelião de Belsazar:

A festa profana e o desprezo pela santidade divina levaram Belsazar à ruína e ao juízo de Deus, como descrito no restante do capítulo 5 de Daniel. Essa história serve como um poderoso lembrete da importância de respeitar e reverenciar a santidade de Deus em nossas vidas, para evitarmos a rebelião e as consequências do pecado.

II. A intervenção divina (Daniel 5.5-9)

A. O aparecimento da mão escrevendo na parede [vs.5-6]

5 No mesmo instante apareceram dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.

No momento em que Belsazar e seus convidados estavam profanando os utensílios do templo, uma mão divina apareceu e começou a escrever na parede. Este evento sobrenatural chamou a atenção de todos os presentes e gerou um grande temor e perplexidade. A manifestação da presença de Deus de forma visível deixou claro que Ele estava intervindo na situação de desrespeito e blasfêmia que estava ocorrendo. No uso inadequado dos utensílios consagrados para a sua adoração exclusiva.

6 Então, mudou-se o semblante do rei, e os seus nobres ficaram atónitos.

A presença da mão escrevendo na parede provocou uma reação imediata no rei Belsazar e em seus convidados. O semblante do rei mudou-se, demonstrando claramente seu temor e perplexidade diante da intervenção divina. Seus nobres também ficaram atônitos diante da manifestação sobrenatural, percebendo a gravidade da situação que estavam enfrentando.

B. O terror e desespero de Belsazar e seus convidados [v.7-8]

 

7 O rei gritou com voz forte que se introduzisse os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, dizendo aos sábios de Babilónia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, e levará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro senhor.

Diante do terror e desespero causados pela mão escrevendo na parede, o rei Belsazar gritou imediatamente ordenando a presença dos sábios da Babilônia. Ele prometeu grandes recompensas àquele que conseguisse ler e interpretar a escrita misteriosa, demonstrando sua ansiedade em buscar uma explicação para o ocorrido. O rei estava determinado a obter uma resposta rápida para acalmar seu coração perturbado e o de seus convidados.

8 Entraram, pois, todos os sábios do rei, mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

Apesar da grande expectativa criada pelo rei, os sábios de Babilônia foram incapazes de ler a escrita na parede e de interpretar seu significado. Mesmo com toda sua suposta sabedoria e conhecimento, os sábios não foram capazes de decifrar a mensagem divina. Isso apenas intensificou o terror e desespero de Belsazar e de todos os presentes, que agora se viam diante de um sinal claro da intervenção divina, mas sem compreender seu propósito.

C. A incapacidade do rei em interpretar a escrita [v.9]

9 Então o rei Belsazar muito se perturbou, e se lhe mudou o semblante; e os seus nobres se perturbaram.

Diante da incapacidade dos sábios em interpretar a escrita na parede, o rei Belsazar ficou muito perturbado e seu semblante mudou-se ainda mais. O desespero e a agonia tomaram conta do rei e de seus nobres, que agora se viam diante de uma situação para a qual não tinham resposta. A intervenção divina trouxe à tona a limitação e fragilidade do rei e de sua corte, que perceberam sua impotência diante do Deus todo-poderoso que se manifestava de forma incontestável.

Neste trecho de Daniel 5.5-9, vemos a intervenção divina de forma clara e impactante, demonstrando o poder e a soberania de Deus sobre os reinos da Terra. O aparecimento da mão escrevendo na parede, o terror e desespero de Belsazar e seus convidados, e a incapacidade do rei em interpretar a escrita nos mostram que não há sabedoria humana ou poder terreno que possa resistir à manifestação do Deus todo-poderoso. Diante de Sua intervenção, somos confrontados com nossa fragilidade e dependência absoluta do Senhor.

III. A mensagem divina de juízo (Daniel 5.10-12)

A. A recomendação de chamar Daniel para interpretar (v. 10)

No versículo 10, vemos que a rainha-mãe, ao ouvir o desespero do rei Belsazar diante da escrita na parede, recomenda que Daniel seja chamado para interpretar o que foi escrito. Note o que diz o versículo 10: “A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.(Dan 5:10 ARA)” Essa recomendação revela a confiança da rainha-mãe na sabedoria e capacidade de Daniel para decifrar mensagens divinas. É importante notar que o rei Belsazar, mesmo tendo à sua disposição uma série de sábios e adivinhos, reconhece a superioridade de Daniel quando se trata de interpretar sonhos e visões. Porém, esse reconhecimento vem após a sua mãe lhe mostrar que haveria uma solução segura para aquele impasse!

 

B. A recordação dos feitos de Nabucodonosor (v. 11)

Conseremos agora o verso 11: “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, (Dan 5:11 ARA)

Aqui no verso 11, a rainha-mãe lembra a Belsazar dos feitos grandiosos realizados por Nabucodonosor, seu antecessor. Ela destaca como o rei Nabucodonosor foi exaltado e honrado por Deus devido à sua humildade e reconhecimento da soberania divina. Esse lembrete serve como um contraste ao orgulho e arrogância de Belsazar, que desafiou abertamente o Deus dos céus ao profanar os utensílios do templo e se exaltar contra Ele.

C. A advertência de que o rei seria julgado pelo seu orgulho e pecado (v. 12)

Voltemo-nos para o verso 12: porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. (Dan 5:12 ARA)”Aqui no verso 12, a rainha-mãe adverte Belsazar de que ele seria julgado pelo seu orgulho e pecado diante de Deus. Ela destaca como Nabucodonosor foi humilhado e desonrado por Deus devido à sua soberba e falta de temor ao Senhor. Essa advertência serve como um aviso claro para Belsazar de que ele também enfrentaria as consequências de suas ações desrespeitosas e blasfemas contra o Deus dos céus.

CONCLUSÃO:

A passagem de Daniel 5.1-12 nos apresenta a história do rei Belsazar e sua festa profana, onde ele cometeu o grave erro de profanar os utensílios sagrados do templo, demonstrando assim seu desprezo pela santidade de Deus. Esse pecado não passou despercebido aos olhos do Senhor, que interveio de forma poderosa e miraculosa durante a festa, enviando uma mensagem escrita nas paredes que deixaram todos ali presentes aterrorizados e desesperados.

A intervenção divina nesse episódio nos revela a soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas. Mesmo diante do terror e do desespero do rei Belsazar e de seus convidados, eles se viram incapazes de interpretar a escrita nas paredes, mostrando assim a limitação e fraqueza humana diante do poder divino.

A mensagem escrita nas paredes era a palavra de juízo de Deus sobre o rei Belsazar, advertindo-o de que ele e seu reinado seriam julgados pelo seu orgulho e pecado. A recomendação de chamar Daniel para interpretar a mensagem divina revela a importância de buscar a sabedoria e orientação de Deus em todas as situações, especialmente nos momentos de crise e desespero.

Essa passagem nos ensina sobre a importância de reverenciar e respeitar a santidade de Deus em todas as nossas ações e decisões, lembrando-nos de que Ele é o Juiz supremo que governa sobre todos os reinos e impérios deste mundo. O orgulho e a arrogância do rei Belsazar o levaram à sua ruína, servindo como um alerta para todos nós sobre os perigos da soberba e da desobediência aos mandamentos divinos.

 

 

Aplicações:

1. Devemos cultivar uma postura de reverência e respeito diante da santidade de Deus, evitando profanar as coisas sagradas e desobedecer aos seus mandamentos.

2. Precisamos reconhecer a soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas, buscando a sua orientação e sabedoria em todas as situações de nossa vida.

3. Devemos aprender com os erros do rei Belsazar, evitando cair na armadilha do orgulho e da arrogância que podem nos levar à ruína e ao juízo divino.

4. Não devemos desprezar as advertências e mensagens de Deus, mas sim buscar entendimento e interpretação através da sua Palavra e da comunhão com Ele.

5. Devemos sempre lembrar dos feitos grandiosos de Deus em nossa vida e na história da humanidade, reconhecendo a sua fidelidade e justiça em todos os momentos.

Rev. João Ricardo Ferreira de França
Pastor da Igreja.

sábado, 2 de setembro de 2023

O CISMA E A CONSTITUIÇÃO DA IGREJA

O PROBLEMA DO CISMA E A CONSTITUIÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL.

 Rev. João França

Introdução:

            Uma das grandes preocupações da igreja cristã sempre a questão dos cismas. A igreja sempre teve preocupações em relação com o tema de igrejas cismáticas; este assunto não passa desapercebido na nossa Constituição Eclesiástica que trata com uma clareza singular.

            O primeiro grande cisma que ocorre na igreja é o rompimento da Igreja Católica Apostólica quando debate sobre a questão da procedência do Espírito Santo; então, os cristãos da ala oriental da igreja não aceita a ideia da “procedência do Espírito sendo do pai e do filho”, mas sustenta uma forma de subordinação do Espírito Santo; e, assim no ano de 1054 ocorre o grande cisma da igreja dividindo o cristianismo de dois grandes ramos: (1)  A Igreja Católica Apostólica Ocidental; (2) A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa [Oriental][1]

            Em tempos posteriores nos Estados Unidos da América a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA) se envolve em controvérsia que gera um cisma. Esta denominação abraça o liberalismo teológico e é confrontada pelo pastor presbiteriano John G. Machen que após sua saída da PCUSA nasce duas denominações, a saber: Igreja Presbiteriana da América (PCA) e Igreja Presbiteriana Ortodoxa (PCO).

            No contexto brasileiro também há cismas significativos. Nos anos de 1903 há uma disputa interna na Igreja Presbiteriana do Brasil por causa da problemática missionária envolvendo os missionários estrangeiros e a questão maçônica, bem como questões doutrinárias posteriores; um grupo descontente com os  rumos da IPB rompe a comunhão e funda uma nova igreja conhecida como Igreja Presbiteriana Independente (IPI) – neste nova igreja doutrinas posteriores são acrescidas tais como as negações das penalidades eternas, presbiteriano feminino e crença na restauração dos dons extraordinários do Espírito Santo.

            Outro cisma eclesiástico ocorre no Brasil no nordeste brasileiro. Um seminário da denominação (SPN) foi capitulado pela influência liberal teológica; e, um dos professores daquele seminário o Dr. Jerônimo Gueiros (o Leão da ortodoxia no Norte) manifestou-se contra tal teologia rompendo a IPB na ocasião e fundou a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil.  Diante disso, precisamos considerar o que ensina a nossa Constituição sobre esse assunto.

I – O CISMA ECLESIÁSTICO NA CONSTITUIÇÃO DA IGREJA PRESBITIERIANA DO BRASIL.

            Em seu artigo 7º a CI/IPB declara:

Art. 7º- No caso de dissolver-se uma Igreja ou separar-se da Igreja Presbiteriana do Brasil, os seus bens passarão a pertencer ao concílio imediatamente superior, e assim, sucessivamente, até o Supremo Concílio, representado por sua Comissão Executiva, que resolverá sobre o destino dos bens em apreço.

§ Único: - Tratando-se de cisma ou cisão em qualquer comunidade presbiteriana, os seus bens passarão a pertencer à parte fiel à Igreja Presbiteriana do Brasil e, sendo total o cisma, reverterão à referida Igreja, desde que esta permaneça fiel às Escrituras Sagradas do Antigo e Novo testamentos e à Confissão de Fé.

Notamos aqui que a Constituição da Igreja não faz silêncio algum com o tema do cisma eclesiástico; o legislador ventilou a possibilidade de tal fato ocorrer, visto que a denominação já havia sofrido um cisma. E, agora o diploma regulamenta para nós como se deve proceder com a questão do cisma.

II – OS TIPOS DE CISMA

            A constituição contempla dois tipos cismas peculiares nas demandas eclesiásticas que se perpetram no presbiterianismo. O sistema presbiteriano, neste particular, procura se precaver de estragos significativos nos apesentando de forma elucidativa os tipos de cismas contemplados na CI/IPB

(a)   Cisma parcial:

Quando nem todos os membros migraram para o lado que perpetrou o cisma. E se manifestou como sendo pertencente a IPB. Um grupo de membros acharam que não dava mais para ficar na IPB e querem formar ou ir para uma nova igreja; porém, um crente decide que não vai, mas deseja ficar na IPB.  Aqui sabe-se que os bens e imóveis passam a ser administrados pela parte que é fiel a Igreja Presbiteriana do Brasil.

(b)   Cisma Total:

E quando o cisma é total. Isto é, quando todos os membros migram para a fundação de uma nova denominação. O que deve ser feito? Nesta situação os bens e imóveis são vertidos para a nova igreja. Porém aqui há uma ressalva interessante. Qual é? A subscrição confessional! A nova igreja só pode ficar com os bens e imóveis da IPB se tal igreja subscrever de forma integral seus padrões confessionais.

III – A DESCONTINUIDADE DE ECLESIAL .

            O que acontece quando uma igreja ou congregação é descontinuada? Esta uma pergunta muito importante. A Constituição da Igreja não se silencia sobre isso. No artigo 7º somos orientados como proceder em casos dessa natureza. A questão dominante é a seguinte: Quando uma igreja é dissolvida ou deixa de ser uma igreja presbiteriana para torna-se outra igreja sem seguir a mesma doutrina. O que fazer com os bens?

  1. No primeiro caso nota-se o foco da descontinuidade Eclesial  - os bens passam a pertencer ao concílio ao qual aquela igreja está subordinada; por exemplo:

A Congregação da 1ª Igreja de Tubiacanga é descontinuada os bens adquiridos naquela comunidade passam a pertencer ao conselho da 1ª Igreja;

2.     No segundo caso nota-se não apenas há uma descontinuidade, mas também uma negação da identidade eclesiástica de forma  governamental e doutrinária; neste caso a igreja é desligada da federação de igrejas presbiterianas [presbitério, sínodo, e supremo] e seus bens passam a pertencer ao concílio imediatamente superior.



[1] Veja-se: CAMPOS, Héber Carlos de. O Ser de Deus e seus Atributos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.136-137. [oferece um breve resumo da controvérsia]

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A UNIVERSALIDADE DO PECADO: UMA EXPOSIÇÃO DE ROMANOS 3.9-20

A UNIVERSALIDADE DO PECADO: UMA EXPOSIÇÃO DE ROMANOS 3.9-20

Rev. João França

Introdução

O Brasil é reconhecido internacionalmente como o país do futebol e do carnaval. Porém, temos um outro produto também genuinamente nacional: “o jeitinho brasileiro”, que é maneira, muitas vezes não ética, de sempre se arrumar uma solução ou desculpa para tudo.

Às vezes temos o mesmo comportamento também quando se trata de realidades espirituais. Nós nos comportamos como se alguma desculpa ou “jeitinho” pudesse nos justificar diante de Deus. No entanto, a Bíblia não deixa nenhuma dúvida para a realidade de que diante de Deus ninguém poderá se desculpar ou dar um jeitinho. Vejamos quais são as razões para esse ensinamento bíblico.

I. Todos são culpados (vs. 9)

Ao escrever à igreja em Roma, o apóstolo Paulo faz uma exposição minuciosa do evangelho. Ele explica por que o evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.17,18). A primeira parte da explicação é a demonstração de que o mundo inteiro é culpado diante de Deus. Ninguém pode alegar inocência perante ele.

a. Os gentios são culpados

Os gentios (ou pessoas sem a Bíblia) são indesculpáveis diante de Deus porque nunca ficaram sem testemunho suficiente do Senhor, tanto por meio da criação (Sl 19.1-3; At 14.17; Rm 1.19-20) como por meio da lei moral gravada nos corações (Rm 2.14,15). Portanto, a idolatria ou paganismo que praticam aqueles que não conhecem o evangelho, não é fruto da ignorância somente, mas de rebeldia mesmo. Daí a razão deles também estarem debaixo da ira de Deus e subjugados pelo pecado.

Isso por si só já seria motivo mais do que suficiente para nos ocuparmos com o trabalho evangelístico e missionário. Se pesar sobre nós a consciência de que todos aqueles que não conhecem o evangelho de Jesus Cristo estão debaixo da ira de Deus, sentiremos a urgência e a necessidade de anunciarmos do poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

b. Os judeus são culpados

Para os judeus, era fácil aceitar que os gentios estavam debaixo do pecado, portanto condenados e debaixo da ira de Deus. No entanto, Paulo também se dirige a eles com a mesma mensagem. Os judeus (ou pessoas com a Bíblia), orgulhavam-se de serem os guardiões da revelação de Deus e de receberem em seus corpos o sinal externo da aliança (a circuncisão). Contudo, as Escrituras também diziam que eles eram culpados aos olhos de Deus. Isto por dois motivos básicos: da lei da qual se orgulhavam, eles mesmos eram infratores (Rm 2.23), e a circuncisão que era um sinal para a comunidade do pacto, perdera o seu valor, pois a sua prática não era acompanhada pela obediência e purificação do coração (Rm 2.25).

Professar o Cristianismo e sentir segurança espiritual por causa do conhecimento, pode ser muito perigoso. Aos olhos de Deus alguém que procede desse modo não é nem um pouco menos culpado do aquele que pratica o paganismo deliberadamente.

II. Por que todos são culpados?

Paulo já havia mencionado várias razões por que tanto gentios como judeus são culpados. Porém, para não haver qualquer tipo de questionamento ele cita alguns trechos do Antigo Testamento (Rm 3.10-18), onde é expressamente declarada o motivo para toda a humanidade estar debaixo da ira de Deus.

a. A ausência de Deus na vida

O primeiro motivo apresentado é a ausência de Deus na vida. O Antigo Testamento, a Bíblia dos judeus, afirma que “não há justo, nem um sequer” (Rm. 3.10), “não há quem busque a Deus” (Rm 3.11) e que “não há o temor de Deus diante de seus olhos” (Rm 3.18). Esse é o diagnóstico preciso e real de todo ser humano diante de Deus. Essa é a realidade espiritual em que todo ser humano se encontra, por isso ele é culpado e está debaixo da ira de Deus.

É interessante observar que o próprio apóstolo Paulo se inclui nessa lista quando diz: “temos nós qualquer vantagem?”. Isto mostra que nem o apóstolo Paulo confiava em méritos próprios como garantia da sua salvação.

b. A natureza destruidora do pecado

Outro ponto importante a ser observado é a natureza destruidora do pecado. Ele tem a capacidade de corromper todas as áreas da nossa vida, tais como as nossas emoções, mente, sexualidade, consciência e vontade. Não há nada no ser humano que tenha ficado imune ao poder de corrupção do pecado.

O quadro é muito real e não deixa dúvidas: “a garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldade e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz” (Rm 3.13-17). Aqui, Paulo cita algumas atitudes e órgãos do nosso corpo que, em vez de glorificarem a Deus e servirem o próximo, servem para desonrar a Deus e ferir o semelhante. Todas essas práticas, em menor ou maior grau, só nos fazem culpados e merecedores da ira de Deus.

 c. A universalidade do pecado

Por último, utilizando-se das próprias Escrituras do Antigo Testamento, Paulo aponta para a universalidade do pecado. Elas dizem que “não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram (…); não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm. 3.10-12). Essas citações são mais do que suficientes para provar a universalidade do pecado.

Diante de tais argumentos, o que devemos fazer é confessar a nossa culpa, nos arrependermos dos nossos pecados e depositarmos a nossa total confiança e esperança na obra de Jesus Cristo. O que percebemos também, é que essa concepção do pecado nivela toda humanidade a um mesmo patamar, não restando assim, nenhum espaço para o orgulho e para qualquer sentimento de auto-suficiência.

III. A incapacidade de auto-justificação

Após apresentar a deplorável situação em que toda a humanidade se encontra, Paulo encerra esta primeira parte da sua apresentação do evangelho mostrando que, igualmente assim como todos estão condenados, judeus e gentios, também não há a menor possibilidade para ninguém em qualquer um desses grupos justificar-se com base em seus próprios méritos. Isso eqüivale a dizer que tanto para aquele que vive isolado numa tribo no meio da selva, quanto para aquele que foi criado dentro de uma igreja evangélica ou numa família de tradição cristã, o único meio de salvação é encontrado fora de si mesmo, ou seja, em Jesus Cristo.

a. Dos gentios

A incapacidade de se autojustificar por parte dos gentios, ou seja, daqueles que nunca conheceram o evangelho, tem sido apresentado por Paulo desde o princípio da sua carta. As duas pretensas justificativas foram desqualificadas pelo ensino apostólico.

  1. Alegação de ignorância – Desde o início da sua carta, o apóstolo tem declarado que todos os homens são indesculpáveis diante de Deus (Rm 1.20). Ninguém pode alegar ignorância da existência de Deus, pois o testemunho divino é claro a toda humanidade. Esse testemunho revela conhecimento suficiente de Deus para ninguém alegue desconhecimento (Sl 19.1-3; At 14.17; Rm 1.19,20). Se isso não fosse verdadeiro, só nos restaria fazer uma pergunta: se a ignorância salva, por que Jesus Cristo mandou que o evangelho seja pregado a todas as nações? A atitude não deveria ser o contrário?

  2. Alegação de mérito – Outro argumento que ninguém poderá apresentar diante de Deus, será o do mérito próprio. Paulo afirma em Romanos 2.1, que aqueles que alegam mérito próprio, praticam em muitas ocasiões as mesmas coisas que condenam. Jesus não precisará nem do conhecimento do evangelho para julgar essas pessoas. Apenas o próprio padrão moral que há no coração será suficiente para condená-los (Rm 2.14,15).

 b. Dos judeus

Por último, Paulo destrói qualquer tentativa também por parte dos judeus para se autojustificarem. O seu objetivo é demonstrar como todos estão debaixo da ira de Deus, por serem igualmente culpados. Nenhum dos argumentos apresentados seria suficiente. Logo, somente o evangelho é o meio para que essas pessoas sejam salvas.

  1. Conhecimento da lei – Os judeus se orgulhavam da sua nacionalidade e também de terem recebido a lei (Rm 2.24). Porém, ainda que isto seja um grande privilégio, essa vantagem só evidenciou mais ainda o pecado em que eles se encontravam. A lei só serviu para testemunhar ainda mais contra o estado de culpa em que eles se achavam (Rm 3.20). Eles também eram transgressores da lei de Deus, logo, o simples fato de conhecerem a lei não os salvava.

  2. A prática da circuncisão – Havia também a confiança na prática da circuncisão. Porém, como Paulo já havia dito, se essa não tivesse acompanhada pela realidade interna que ela representava, não teria valor algum diante de Deus (Rm 2.25,28,29). Semelhantemente, ninguém poderá apresentar algum sacramento ou ritual religioso como meio de se autojustificar diante de Deus no dia do Juízo Final.

Logo, a conclusão apresentada pelo apóstolo Paulo é de que ninguém poderá se justificar diante de Deus por nenhum tipo de obra, seja ela religiosa ou moral (Rm 3.20). Isto levaria os leitores da carta à seguinte pergunta: se essa é a condição do ser humano, se ele está fatalmente condenado por causa dos seus pecados e debaixo da ira de Deus, se ele é incapaz de salvar a si próprio, o que fazer então? Há alguma esperança? É desse ponto em diante que Paulo começa a apresentar a segunda parte do evangelho. Primeiro ele apresentou a condenação que a lei traz, agora ele apresentará a justificação pela fé. Esse será o assunto das duas próximas lições.

Conclusão

Uma das maiores dificuldades que enfrenta o ser humano é reconhecer a necessidade de um salvador. Ele procura seguir uma religião, busca um líder espiritual e até mesmo alguém que lhe diga o que fazer. No entanto, crer em Jesus como salvador, é algo que o homem reluta em fazer. A razão é simples: ninguém reconhece que necessita de um salvador enquanto não sentir o peso da condenação por causa do seu pecado. Isso requer humilhação, arrependimento e uma entrega total a Jesus Cristo.

No entanto, só veremos um genuíno crescimento da igreja a partir do momento em que a igreja se preocupar em pregar o evangelho tal como ele é e as pessoas fizerem a sua profissão de fé pelos motivos já expostos.

Aplicação

Se Deus lhe perguntasse os motivos pelos quais ele deveria lhe conceder vida eterna, quais razões você apresentaria?